sábado, 27 de maio de 2017

VELHICE

Normalmente quando avançamos na contagem cronológica dos anos e atingimos a marca de meio século, começamos a refletir sobre aquilo que invariavelmente nos espera, a VELHICE.

Não raro começamos a refletir que ao atingirmos a marca das cinco décadas, já "caminhamos para a segunda metade da vida". 

Preocupações com a saúde, com as limitações do corpo, com as condições financeiras, uma vez que se aproxima o momento em que não mais seremos tão produtivos no mercado de trabalho, aposentadoria, etc., passam a ocupar nossas mentes.

Via de regra começamos a lamentar este cenário que gradativamente se aproxima da nossa realidade e não são raros os casos de inquietações e ansiedades.

Se pararmos para analisar com serenidade esta situação, veremos claramente que o grande motivo das inseguranças com o porvir se dá por conta do nosso foco excessivo na matéria.

É comum olvidarmos que somos espíritos eternos, portanto imortais. 
Há de se ressaltar que o que está envelhecendo e perdendo o viço da juventude não sou "EU", mas o acessório físico que utilizo na presente encarnação e que denominamos "CORPO", apenas isso.

A ferramenta, o acessório que disponho temporariamente e que é trocado à cada nova reencarnação, este é que vai se desgastando aos poucos até não possuir mais condições de animar a minha essência espiritual neste plano, esta é a realidade.

EU, espírito imortal, estou e continuarei vivo, mantendo toda minha individualidade e vigor espiritual, não obstante a condição do corpo material.
Portanto, não existe decrepitude para minha essência espiritual.

Nosso processo de aprendizado na carne precisa necessariamente passar  pelas fases de infância, adolescência, fase adulta e, claro, pela velhice.

Casa uma dessas fases trazem experiências e lições preciosas para o amadurecimento da nossa essência, que somente são possíveis de serem vivenciadas nas diferentes faixas etárias a que estamos sujeito.

Assim, a pureza e a inocência da infância gradativamente é substituída pelos arroubos de emoções da adolescência, bombardeada por cargas expressivas de hormônios.

Em seguida a fase adulta se aproxima, chamando-nos à um volume de responsabilidades e compromissos que ocupam a totalidade de nossas atenções. 
A formação da família e a necessidade de sustentá-la, a educação dos filhos, a questão profissional, a formação acadêmica, tudo isso torna nossa fase adulta conturbada e estressante.

Depois, com o passar dos janeiros e o aproximar da maturidade, já começamos a desacelerar nosso metabolismo, a refletir sobre as coisas realmente importantes no contexto de nossa vida espiritual, a valorizar mais "a quem temos" do que "o que temos".

O processo é de lenta introspecção e muitas das vezes descobrimos uma coisa interessante sobre a qual nunca tínhamos pensado antes.

Descobrimos que na nossa jornada aprendemos muitas coisas. 
Descemos o nível da nossa observação e identificamos que aprendemos muitas coisas boas, mas infelizmente, neste bojo também vieram muitas coisas ruins, as quais precisamos nos desvencilhar.

Neste momento a vida nos oferece uma oportunidade preciosa, a maturidade, a serenidade e a disposição racional de desaprender.

Sentimo-nos intuídos a desaprender o excesso de apego à matéria.

Somos inclinados a desaprender sentimentos de mágoa, melindres e vaidades.

Vamos desaprendendo e retirando da nossa bagagem o peso das das nossas imperfeições e somos convidados a fazer crescer nossas virtudes na serenidade do ocaso da vida na carne.

Assim, quando percebermos que a velhice se aproxima, enchamos nossos corações de alegria, pois aproxima-se o momento da sairmos do torvelinho das emoções exaltadas e praticarmos o arremate final da nossa reforma íntima neste nosso momento alvissareiro de mergulho para dentro de nós mesmos.