quarta-feira, 30 de novembro de 2016

DESENCARNES COLETIVOS

O momento é de comoção nacional.

A delegação quase que completa de um conhecido time de futebol, a caminho de uma importante e decisiva partida do torneio que disputava, acaba sofrendo um grave acidente aéreo.
Com 81 ocupantes entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulação, apenas 5 conseguiram sobreviver à queda da aeronave.

Como é comum em casos como este, as redes sociais se mobilizam repercutindo o ocorrido. Todas as mídias se convergem para informar, a cada minuto a evolução do caso, o assunto vira manchete unânime para onde quer se olhe.

O redemoinho emocional coletivo, fruto da observação de um evento de tamanha repercussão, resulta em reações que merecem ser analisadas e levadas à reflexão.

Citemos alguns exemplos:

Diante da forma brusca e inusitada do desencarne coletivo de tantas pessoas, surge um sentimento de solidariedade que envolve a todos, indistintamente. Este nobre sentimento contribui para a potencialização de energias positivas, eleva o padrão vibratório, equilibra a atmosfera psíquica e estimula os sublimes sentimentos de amor ao próximo.

Estas energias são canalizadas pelas equipes socorristas do Plano Espiritual e direcionadas ao auxílio tanto daqueles que partiram para a Pátria Espiritual, quanto para os familiares que aqui permaneceram. É importante salientar que o “estado de choque”, de confusão mental, de desequilíbrio e desconforto é comum à ambos os personagens deste evento (encarnados e desencarnados).

É muito comum neste tipo de ocorrência, relatos de pessoas que estariam também embarcadas naquele voo, mas que de última hora sofreram um imprevisto (muitos deles aparentemente insignificantes e rotineiros). Não raro acontece (como também aconteceu neste episódio) de alguns ocupantes   saírem ilesos do acidente, sobrevivendo de maneira inacreditável em meio a escombros onde outros tantos pereceram, o que deixa a todos perplexos.

Analisemos agora, sob a ótima Espírita cada um dos pontos que foram colocados para reflexão.

Nos orientam os benfeitores espirituais que o desencarne coletivo acontece quando:

“Um grupo de espíritos comprometidos com o mesmo débito ou débitos semelhantes, em reencarnações pregressas, se associam, ainda na espiritualidade, antes do renascimento, com a finalidade de realizar o trabalho redentor em resgates coletivos. ”


Por estar relacionado a experiências evolutivas, o desencarne coletivo é previsto por entidades Benfeitoras Espirituais, que acolhem os desencarnantes imediatamente, muitas vezes em postos de socorro por eles montados através da vontade/pensamento, na própria região da catástrofe ou desastre.

O resgate de nossas ações contrárias à Lei Divina, ao bem e ao amor pode ocorrer de várias formas, inclusive coletivamente.

O objetivo, segundo "O Livro dos Espíritos", questão 737, é “fazê-lo avançar mais depressa” e o que normalmente chamamos de tragédias ou calamidades “são frequentemente necessárias para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que se necessitaria de muitos séculos”.

Além disso (questão 740), “são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo”.

E assim, entendemos o sentimento de solidariedade que essas calamidades despertam, auxiliando todos a desenvolver o amor. O importante para os mais diretamente envolvidos, para que tenham o progresso devido, como está dito em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 14, item 9, é “não falir pela murmuração”, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus.

Sendo assim, perguntamos ainda, porque algumas pessoas acabam sobrevivendo em uma situação dessas em que isso parece ser absolutamente improvável?

E a resposta é simples e clara. Para eles ainda não havia chegado o momento, eles certamente não faziam parte do grupo programado para aquele desencarne coletivo.

Estavam ali porque necessitavam passar por aquela experiência e também para nos evidenciar com provas inquestionáveis que não existe acaso ou coincidência, sorte ou azar.

São situações criadas para nos mostrar de forma inequívoca que cada um de nós tem um caminho a seguir, uma missão a desempenhar e via de regra, se não quebrarmos as regras da nossa existência com nossa invigilância e negligência, de fato, somente partiremos para o Plano Espiritual, quando o nosso momento tiver chegado.


terça-feira, 29 de novembro de 2016

RECONSTRUÇÃO ÍNTIMA

Um caminheiro prosseguia em sua solitária jornada, através de uma pequena trilha erma e distante,  para ele ainda totalmente desconhecida.

Acabara de amanhecer e já havia indícios de que um sol causticante o castigaria ao longo do trajeto daquele longo dia.

Caminhou por quatro longas horas, tropeçando em pedras pontiagudas, ferindo seus braços nos arbustos, sofrendo com os galhos baixos, que atingiam seu rosto e sua cabeça.

Após caminhar mais de 10 quilômetros cansou-se e resolveu então sentar-se à sombra de uma frondosa árvore. 

Trouxera consigo algumas garrafas d'água. Garrafas de vidro com tampinhas metálicas de pressão. Ele as preferia porque depois as reutilizava para transportar também outros líquidos, utilizando rolhas para tampá-las.

Sentado confortavelmente sob a sombra fresca daquela abençoada árvore, a primeira coisa que fez foi pegar uma das garrafas, pois a sede era grande.

Tomou da pequena garrafa e ignorando que trouxera também um abridor na sua mochila, pôs-se a tentar abri-la com os dentes. 
Depois de algumas tentativas infrutíferas que resultou na quebra de um dos dentes e  um corte no lábio inferior, desistiu de abrir dessa forma. 

O gosto de sangue na boca fez com que a vontade de tomar a água aumentasse ainda mais. Foi então até um mourão ali próximo onde existia um prego sustentando o arame.

Enroscou a tampa na cabeça do prego, bateu firme com a mão sobre a tampa, entretanto, ao fazer isso, sua mão atingiu uma ponta do arame farpado sujo e enferrujado, causando um profundo corte. 
O sangue manchou imediatamente a garrafa, já aberta.

Assustado, com muita dor e ao ver o estado do arame que o ferira (enferrujado e coberto de sujeiras), ficou com medo de contrair uma doença grave (tétano?) e afoito, acabou utilizando todo o conteúdo daquela garrafa para lavar seu ferimento.

Já refeito do susto, volta para a sombra da árvore, pega uma outra garrafa, toma do abridor, abre a mesma e mata sua sede, refletindo sobre sua tolice anterior, que o fez quebrar o dente, cortar a boca, ferir a mão e ainda perder uma garrafa cheia d'água que faria muita falta à ele durante sua longa jornada.

Quantos de nós, no decorrer da nossa jornada não cometemos o mesmo desatino, ignorando o bom senso, a razão e os conhecimentos já adquiridos na nossa existência  e por conta da nossa invigilância e negligência sofremos desnecessariamente?

Quantos de nós, à exemplo do nosso personagem,  já não sofremos as consequências de atitudes intempestivas e impensadas, olvidando os princípios morais e éticos por nós já assimilados e nos permitindo lançar nos abismos do erro?

Como o caminheiro, que somente após os ferimentos e a frustração resolveu fazer a coisa certa, muitas das vezes também somente buscamos o caminho reto depois de sofrermos as consequências do desacerto.


Não raro, ainda jogamos a culpa dos nossos insucessos e desventuras nos outros, fazendo questão de esquecer de que estamos apenas colhendo o que plantamos.

Somente através da reflexão,  do reconhecimento das nossas imperfeições e vulnerabilidades e do firme propósito na recondução das nossas vidas é que partiremos para nosso processo de "reconstrução" íntima, tão necessário para que atinjamos o nosso tão almejado destino que é a perfeição.



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

NOSSA POSTURA DIANTE DAS NOTÍCIAS RUINS

Em tempos de globalização e da universalização das comunicações em tempo real, estamos sujeitos à uma sobrecarga de informações que nos são "empurradas goela abaixo pela mídia", quer queiramos ou não. 

Sabedores de que notícia ruim é que dá IBOPE, os canais de TV e as emissoras de rádio, bem como os jornais e revistas sempre dão destaque de primeira página às desgraças mais recentes, potencializando com sensacionalismo a chamada "imprensa marron".

Não são poucos os jornalistas (eu disse jornalistas?), que conquistam fama e dinheiro nesta nefasta atividade que faz proliferar na sociedade, o medo, a insegurança e a revolta.

As redes sociais e as facilidades de  comunicação em tempo real com qualquer lugar do planeta acabam contribuindo para que não somente as "desgraças de casa" como as desgraças ocorridas, mesmos nos países remotos e distantes invadam nossos lares, potencializando nosso sentimento de ansiedade e impotência diante das mazelas do mundo.

Sabemos que neste planeta de provas e expiações, os desafios e os problemas não são poucos.

Temos conhecimento de que não conseguiremos presenciar aqui, da estabilidade e do equilíbrio que almejamos.

No entanto, potencializar as energias deletérias do pessimismo, do derrotismo e da revolta, submetendo-nos à apreciação de cenários dolorosos com verdadeira exploração da desgraça alheia, somente servirá para estimular no nosso espírito, as energias destruidoras do negativismo.

Eliminemos, portanto, da nossa rotina, os hábitos malfazejos que nada contribuem para nosso crescimento.

Diante das notícias alarmantes e derrotistas que se nos apresentem no nosso dia a dia, serenemos nossos pensamentos e busquemos o refúgio seguro da prece.

Não será compartilhando e repercutindo o mal, que contribuiremos para a presença do bem.




sábado, 19 de novembro de 2016

RELAÇÃO A DOIS

Viver a dois não é fácil, ao contrário é um grande desafio!

Nesta situação testemunhamos duas individualidades compartilhando o mesmo espaço físico, com visões diferentes sobre a vida, pontos de vista discordantes sobre as situações, percepções muitas vezes paradoxais sobre os diversificados aspectos da vida.

São dois espíritos que já trazem tendências, inclinações, vícios e traços de personalidade milenares e que assumiram, na espiritualidade, compromissos recíprocos difíceis de honrar, muitos deles associados à desajustes de vidas pregressas.

Não raro, os mecanismos de atração inicialmente sensibilizam os sentidos físicos, criando uma atmosfera mágica e prazerosa, gerando sentimentos de paixão intensa, que naquele momento inicial, encobre todas as divergências.

Com o tempo, entretanto, na continuidade do processo de vivência em comum, a névoa da paixão começa a lentamente se dissipar. É este o momento mais crítico da relação.

Os caules, agora descobertos, que antes mostravam nas suas extremidades apenas coloridas e perfumadas flores,  desnudados, começam também a mostrar os pontiagudos e doloridos espinhos.

Começa  a desaparecer aquela "pseudo unanimidade" sobre tudo e sobre todos, que outrora predominava na relação.

As queixas, os azedumes, a implicação com o outro, a triste constatação de que aquela suposta perfeição era ilusão, gera dúvidas, frustrações e decepciona.

O sentimento de decepção, se não assimilado com a homeopatia da inteligência emocional, é potencializado e repercute em indiferença.

A indiferença, então, dá inicio à um  processo de corrosão da base do relacionamento e começa a ruir todo aquele bonito prédio, onde se construía uma história de reencontro de espíritos para os devidos ajustes.

A necessária harmonização de dois seres em evolução, cuja união fora cuidadosamente planejada na espiritualidade acaba por não se consolidar. 

Infelizmente esta história é muito comum, principalmente nos dias atuais em que tudo se tornou absolutamente descartável (inclusive as relações).

Destruídas as bases do respeito, da reciprocidade, do senso do trabalho em comum em prol de algo maior, a separação é inevitável.

Cada qual passa a seguir outros caminhos, sem nenhuma expectativa de sucesso, pois a maturidade necessária para sustentação dos relacionamentos ainda não se estabeleceu na essência espiritual do casal.

É por isso que a frase: " O AMOR é aquilo que fica quando a PAIXÃO acaba" é tão verdadeira.

Somente o amor é capaz de superar  as vicissitudes e os desafios do cotidiano, potencializados pelas inevitáveis diferenças individuais nas relações a dois.

E não nos iludamos, no relacionamento a dois o AMOR não é um sentimento que vem pronto. 

Trata-se, na verdade, de uma sementinha frágil que somente consegue germinar no terreno profícuo da gentileza e da paciência. 

Se regadas continuamente com a tolerância e a compreensão certamente esta sementinha crescerá e oferecerá os doces frutos que tanto almejamos.





domingo, 13 de novembro de 2016

OS PORTAIS DA HARMONIA

Como caminheiros cósmicos, marchando para o desvencilhamento da matéria, na busca da nossa descoberta maior (a do espírito livre dos liames da matéria densa), é comum vivenciarmos momentos de euforia espiritual.

Estes momentos de euforia se manifestam nas situações mais inusitadas, como se uma porta entreaberta nos permitisse enxergar uma pequena amostra do que será para nós a experiência no momento em que vivermos a nossa verdadeira essência.

Basta observarmos com particular interesse os cenários que se descortinam diante do nosso cotidiano, deixando de lado as lentes embaçadas do materialismo exacerbado e a visão míope do consumismo descabido, que conseguiremos enxergar um "universo paralelo" no qual vivemos o tempo todo mergulhado, sem nos darmos conta, apesar dele de manter interpenetrado na nossa realidade.

É de vital importância, se desejamos identificar os "portais" para nossa entrada neste plano inacessível para grande parte dos seres humanos, que consigamos nos livrar da pesada bagagem inútil e descartável que carregamos, muitas das vezes sem nos dar conta disso.

Nesta indesejável bagagem que nos faz vergar sob seu peso, levamos os miasmas do imediatismo, as moléstias das querelas, os vírus do materialismo e o veneno do ódio que leva ao descalabro moral.

Quando conseguimos aliviar esta carga, descartando esta malfazeja bagagem, obtemos como prêmio a chave deste portal que tanto almejamos.

Como o universo conspira à favor das pessoas de bem, via de regra somos surpreendidos por companheiros de jornada que nos oferecem oportunidades de sintonia com o "astral superior", criando chances de aliviarmos nossa carga de energia negativa.

No entanto, normalmente estamos tão obcecados e enceguecidos pelos interesses materiais, que deixamos de aproveitar estas preciosas oportunidades de aprimoramento e aprendizado.

Assim, como jornadeiros cósmicos que somos, fiquemos atentos às pessoas, ambientes, cenários e sensações que se nos apresentam no nosso cotidiano, para que possamos apreender estes estados de energia harmonizadora.

Como todo processo de aprendizado, desenvolver esta sensibilidade requer persistência, paciência e vontade.

A colheita os frutos será diretamente proporcional à qualidade da semente e a fertilidade do solo em que a plantarmos. 

Atentemos que somos nós este solo.
Quanto à semente, fique atento pois neste exato momento certamente uma estará sendo disponibilizada para você. 
Apenas estenda as mãos, abra seu coração e a plante, regando com o orvalho do amor.

Muita PAZ e LUZ.




sexta-feira, 11 de novembro de 2016

QUEM TEM MEDO DA MORTE?

As reflexões do ser encarnado acerca dos cenários que se descortinam no seu cotidiano, com frequência o remete à divagações sobre a morte.

A presença da morte, testemunhada não raro, bem próxima de nós, assusta, entristece, incomoda e causa apreensão.

Só de pensar nela, sobretudo com relação aos entes que nos são mais caros, isso nos apavora e nos causa pânico.

A morte para nós é sinônimo de angústia, sofrimento, desespero, perda. 
É sinônimo do fim, da ausência, do vazio.

E este sentimento, que carregamos ao longo de toda nossa existência, nos enche de temor.

Se analisarmos os reais motivos que nos levam a alimentar um sentimento de tamanha repulsa pela morte, chegaremos à duas interessantes conclusões:

1-Costumamos dizer que a única certeza que temos na vida, é a certeza da morte, nas na verdade ela ainda é uma grande incógnita para a maioria dos seres humanos.

2-As doutrinas religiosas tradicionais do ocidente não conseguiram trazer respostas e esclarecimentos convincentes sobre o nosso futuro,  após o decesso do corpo físico,  e as "meia verdades" mais confundem do que esclarecem.


A Doutrina Espírita, codificada por Kardec há pouco mais de um século e meio atrás, tem contribuído de forma impactante e vem rasgando os véus da ilusão de que a vida humana se restringe à apenas uma experiência na carne.

O Espírito de Verdade veio cumprir a promessa do Cristo e se nos apresenta como o Consolador Prometido, mostrando-nos uma realidade exuberante e uma verdade inconteste: "A vida não começa no berço e não termina no túmulo".

De uma forma didática, clara, transparente e racional, a "Doutrina Libertadora de Consciências", quebra as barreiras do desconhecido, do sobrenatural, das crendices e superstições e nos abre o horizonte cósmico, mostrando-nos que a vida continua e que somos espíritos imortais.

O Espiritismo matou a morte, e nos revelou então que o que chamamos Plano Espiritual não é um local restrito e etéreo com seres destituídos de forma e individualidade. 

Ao contrário, a Doutrina Espírita nos traz, o tempo todo, evidências de que o Plano Espiritual se interpenetra com o Plano Físico e que estamos todos juntos, 

A Doutrina Libertadora de Consciências nos mostra que não existem as "almas do outro mundo". 

Nos mostra que o mundo é um só e que é absolutamente natural interagirmos com os que já partiram para o outro plano, pois eles continuam a ser exatamente o que eram quando estavam conosco compartilhando da experiência na carne.

Ciência, Filosofia e Religião se juntam e se completam, resultando em uma fé raciocinada, a fé inabalável capaz de enfrentar a razão faze a face em todas as épocas da humanidade.

Quando começamos a compreender essas verdades, começamos também a nos desvencilhar do pavor que o simples pronunciar da palavra "morte" nos causava.

"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." já nos orientou o apóstolo João (João 8:32).

Que possamos, portanto, iniciar nossa busca pela verdade que liberta, nunca nos esquecendo do nosso Mestre e Guia, o meigo Rabi da Galiléia, pois ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.