sábado, 19 de novembro de 2016

RELAÇÃO A DOIS

Viver a dois não é fácil, ao contrário é um grande desafio!

Nesta situação testemunhamos duas individualidades compartilhando o mesmo espaço físico, com visões diferentes sobre a vida, pontos de vista discordantes sobre as situações, percepções muitas vezes paradoxais sobre os diversificados aspectos da vida.

São dois espíritos que já trazem tendências, inclinações, vícios e traços de personalidade milenares e que assumiram, na espiritualidade, compromissos recíprocos difíceis de honrar, muitos deles associados à desajustes de vidas pregressas.

Não raro, os mecanismos de atração inicialmente sensibilizam os sentidos físicos, criando uma atmosfera mágica e prazerosa, gerando sentimentos de paixão intensa, que naquele momento inicial, encobre todas as divergências.

Com o tempo, entretanto, na continuidade do processo de vivência em comum, a névoa da paixão começa a lentamente se dissipar. É este o momento mais crítico da relação.

Os caules, agora descobertos, que antes mostravam nas suas extremidades apenas coloridas e perfumadas flores,  desnudados, começam também a mostrar os pontiagudos e doloridos espinhos.

Começa  a desaparecer aquela "pseudo unanimidade" sobre tudo e sobre todos, que outrora predominava na relação.

As queixas, os azedumes, a implicação com o outro, a triste constatação de que aquela suposta perfeição era ilusão, gera dúvidas, frustrações e decepciona.

O sentimento de decepção, se não assimilado com a homeopatia da inteligência emocional, é potencializado e repercute em indiferença.

A indiferença, então, dá inicio à um  processo de corrosão da base do relacionamento e começa a ruir todo aquele bonito prédio, onde se construía uma história de reencontro de espíritos para os devidos ajustes.

A necessária harmonização de dois seres em evolução, cuja união fora cuidadosamente planejada na espiritualidade acaba por não se consolidar. 

Infelizmente esta história é muito comum, principalmente nos dias atuais em que tudo se tornou absolutamente descartável (inclusive as relações).

Destruídas as bases do respeito, da reciprocidade, do senso do trabalho em comum em prol de algo maior, a separação é inevitável.

Cada qual passa a seguir outros caminhos, sem nenhuma expectativa de sucesso, pois a maturidade necessária para sustentação dos relacionamentos ainda não se estabeleceu na essência espiritual do casal.

É por isso que a frase: " O AMOR é aquilo que fica quando a PAIXÃO acaba" é tão verdadeira.

Somente o amor é capaz de superar  as vicissitudes e os desafios do cotidiano, potencializados pelas inevitáveis diferenças individuais nas relações a dois.

E não nos iludamos, no relacionamento a dois o AMOR não é um sentimento que vem pronto. 

Trata-se, na verdade, de uma sementinha frágil que somente consegue germinar no terreno profícuo da gentileza e da paciência. 

Se regadas continuamente com a tolerância e a compreensão certamente esta sementinha crescerá e oferecerá os doces frutos que tanto almejamos.





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