Conta-se que Chico Xavier, em uma determinada ocasião, viajava de ônibus através de uma estrada no interior de Minas.
Era uma viagem noturna e a maioria dos passageiros dormia tranquilamente (inclusive ele), enquanto o ônibus seguia sua viagem.
Eis que em determinado momento, uma pane mecânica no veículo obriga o motorista a parar.
Sem acostamento adequado o ônibus, para sair da pista, precisou estacionar ao lado da rodovia, em meio à vegetação ali existente.
O local, escuro e ermo, localizava-se no alto de uma serra e uma suave brisa soprava por entre os galhos das frondosas árvores que rodeavam aquele local.
Todos saíram do ônibus e ele, Chico, abriu os braços e encheu os pulmões daquele ar puro, com cheiro de relva molhada e perfume de flores silvestres.
Respirou fundo, com o intuito de absorver mais e mais aquelas flagrâncias deliciosas, aquilo o enchia de alegria.
Notando estar no alto de uma serra, afastou-se um pouco do veículo, adentrando mais naquela área e pode observar ao longe, os clarões de algumas cidades muito distantes.
Na escuridão observou o céu salpicado de estrelas. Era possível identificar as principais constelações, deteve-se a observar o Cruzeiro do Sul demoradamente.
Encantado com o brilho das estrelas e aquele cenário maravilhoso à sua volta, permaneceu naquele local em estado de êxtase e perdeu a noção do tempo.
Só voltou à si quando alguém começou a chamá-lo, gritando seu nome, pois o ônibus estava prestes a partir e os passageiros deram por falta dele.
Levantou-se e caminhou sorridente e leve até o veículo.
Ali, passageiros enraivecidos lançavam impropérios e queixas contra o motorista, contra a empresa de ônibus, xingavam revoltados porque a quebra do ônibus os fez "perder" muito tempo.
Estes, mergulhados na insensatez do destempero emocional, da impaciência e da revolta gratuita, perderam a oportunidade maravilhosa de desfrutar de um grande espetáculo da natureza.
O Chico certamente prosseguiu sua viagem dormindo e sonhando com toda aquela beleza, energizado pela exuberante natureza.
Aos outros, estressados e nervosos, com certeza sobraram os pesadelos proporcioinados pela falta de equilíbrio emocional.