domingo, 28 de agosto de 2016

LIÇÃO DE VIDA

No caminho de casa, quando parei em um sinal, atento que estava à frente, não notei que "algo" se movia na lateral do carro, no lado do motorista.

Parei, coloquei o carro no ponto morto, puxei o freio de mão (o sinal era de três fases e seria demorado).

Então escutei algo bater na porta, mas não enxergava o que era.
Abri o vidro, olhei para fora (e para baixo) e vi um rapaz jovem, com sorriso largo no rosto, ele estava no chão, praticamente deitado.

Ele me cumprimentou, desejou uma boa tarde. Seus olhos brilhavam naquele rosto coberto de poeira e fuligem. Seus dentes  cariados, com falhas. o cabelo grande, muito desarrumado e sujo, o rosto coberto com uma barba rala.
Mas os olhos, estes brilhavam!
E sorriso? O mais espontâneo que já vi na minha vida.

Olhou para mim, me cumprimentou educadamente, desejou-me uma boa tarde e me pediu uma moeda, um pedaço de pão, um biscoito, uma bala, e reforçou que o que eu tivesse para dar estaria muito bom (sempre sorrindo).
Afoito para conseguir fazer isso antes do sinal abrir, peguei umas moedas e lhe entreguei. Ele agradeceu sucessivas vezes, abençoou à mim, à minha família, à minha vida. Me desejou sucesso, saúde, prosperidade, falou da misericórdia de Deus e da sua bondade.

O sinal abriu. No conforto do meu carro com ar condicionado, fechei a janela e arranquei em frente enquanto ouvia suave música ao rádio...

O meu irmão que ali estava, do lado de fora, também pôs o seu veículo para funcionar. Pelo retrovisor visualizei um tosco carrinho de madeira feito de tábua e rodinhas de "rolemã"). Sem as duas pernas, o tronco se apoiava amarrado sobre a tábua. No colo uma sacolinha de plástico com pães endurecidos, Com um dos braços, ele "remava" no chão para o carrinho andar. O outro braço.....este não consegui ver porque ele não tinha.

Passei a meditar no exemplo dado por aquele irmão.
Sem as duas pernas e sem um braço.Morando na rua e vivendo de migalhas.
Dependendo de favores alheios para tudo!

Aquele rapaz transbordava energia positiva, mostrava um sorriso autêntico e descontraído, seus olhos transmitiam vida, vitalidade e fé.

E à cada frase que ele proferia, aparecia pelo menos uma vez a palavra DEUS.
Voltei para casa com vergonha da minha pequenez.

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