quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O MEDO DO DESCONHECIDO

Por uma estrada escura e deserta caminhava solitário um andarilho, quando sua atenção foi chamada por algo que se movia à poucos metros à sua frente, em meio a um matagal.

Parou assustado, procurou um pedaço de pau ou uma pedra para se defender. Seu coração, acelerado pela adrenalina, batia apressado.

Imaginou que seria um animal feroz que iria atacá-lo, ou um malfeitor que o maltrataria, ou mesmo um "monstro", um "espírito", imaginou mil tipos de ameaças.

Ali parado, no escuro e sozinho, começou a temer por sua vida, imaginando que seria seu fim. Em pânico começou a gritar com o intuito de assustar aquela "coisa" que na sua imaginação, tanto o ameaçava.

Neste momento ouviu também gritos vindo daquela direção e percebeu que ali estava uma outra pessoa (tão assustada quanto ele).

Para aquela pessoa no meio do mato, ele era a ameaça e para ele aquele desconhecido era a ameaça.

Trocaram algumas palavras em meio a gritos e por fim a  pessoa acabou saindo do matagal, mantendo-se ainda distante.

Ainda desconfiados um com o outro, cada qual com um pedaço de pau na não, mantiveram-se ambos em postura defensiva. Não conseguiam se ver perfeitamente naquela escuridão, apenas visualizam vultos.

Sem confiar, o que estava na rua gritou para que o que estava no meio do matagal, que prosseguisse sua jornada e fosse na frente, uns dez metros. Ele seguiria atrás, atento para qualquer atitude suspeita do mesmo.

Assim foi feito, o da frente avançou e continuou sua jornada solitária no escuro daquela noite, toda hora olhando para trás e inseguro. Temia que o outro o atacasse.

O de trás, também solitário e amedrontado, envolvido pela escuridão, não tinha a certeza de que o outro estaria mesmo à sua frente, mantendo a distância recomendada. Qualquer barulho no meio do mato, já imaginava que o outro o atacaria.

Caminharam assim até o amanhecer.

Ao chegarem em um pequeno vilarejo, os andarilhos acabaram se encontrando em uma praça, onde pessoas caridosas serviam um lanche para moradores de rua.

Eis que tomados de surpresa, ambos se reconhecem de outras jornadas, eram amigos, começaram a conversar.

E descobrem ali, que caminharam longas horas sozinhos e amedrontados durante aquela escura noite, um com medo do outro.

Quantos de nós, na nossa caminhada, não criamos em nossas mentes, fantasias de ameaças inexistentes por conta do nosso medo, da nossa insegurança e do nosso desconhecimento das verdades que libertam?



                                                                                              Pirilampo

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