quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

QUEIXAS E DÁDIVAS

É comum estabelecermos um peso de gravidade e sensibilidade aos nossos problemas superdimensionando-os e os considerando muito mais graves e complexos do que os problemas alheios.

Assim, reclamos que a comida está sem tempero e muitas das vezes fazemos deste fato um estopim que explode em desequilíbrios emocionais comprometendo o equilíbrio de todos que nos rodeiam no ambiente doméstico.

Esquecemos que à poucos quarteirões de nossa casa, com certeza existirá um irmão nosso revirando os lixos em busca de restos de comida muitas das vezes já em decomposição, com o objetivo de  aplacar a terrível fome que o martiriza.

Reclamamos que nosso colchão está duro, desconfortável e velho. 
Fazemos disso um drama e atribuímos à este fato o nosso mau humor do dia seguinte, porque supostamente não tivéramos uma boa noite de sono.

Olvidamos que nas calçadas, sobre as sujas e frias marquises, irmãos nossos tentam dormir diante de todos os riscos que os ameaçam. 

Deitados sobre farrapos malcheirosos, papelões úmidos, compartilhando o espaço com toda espécie de sujidades, clamam muitas das vezes, apenas por um pedaço de plástico que minimize o desconforto da chuva sobre seus corpos.

Registramos reiteradas queixas  com relação aos problemas que nos perturbam no nosso labor diário, repercutindo muitas das vezes em quadros de esgotamentos físicos e mentais.

Ignoramos, entretanto que neste exato momento, muitos pais de família estão entregues às lágrimas, prestes à explodir em desespero por não terem um centavo no bolso sequer para comprar o leite do filho já subnutrido, que chora e lamenta a dor insuportável da fome.

Assim, antes de reclamarmos  da condição em que atualmente vivemos e lamentarmos  com azedumes e revoltas diante dos  problemas que nos afligem, olhemos  em volta e enxergaremos uma multidão de famintos, estropiados, adoentados e solitários.

Não nos esqueçamos que todos são nossos irmãos de jornada que hoje enfrentam sofrimentos nunca por nós sequer imaginados.

É necessário que reflitamos e substituamos as lamentações vazias pelas ações efetivas na prática da caridade.

Tomemos a inciativa sublime de abrir nossos corações e estender as mãos ao próximo que clama pela nossa compaixão.

E agradeçamos incessantemente à Deus pelo privilégio de estar, neste momento,  na condição de contribuir com nossa generosidade com aqueles que necessitam. 

Desconhecemos o dia de amanhã e não temos nenhuma certeza de que no futuro, este papel não possa ser invertido e sejamos nós os necessitados, à mendigar um pedaço de pão.


                                                                                                Pirilampo





Nenhum comentário:

Postar um comentário