quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A FERA ENJAULADA DENTRO DE NÓS

A vida nos apresenta diariamente um campo de provas, onde somos submetidos o tempo todo aos testes necessários para avaliar nosso aprendizado.

Nosso estágio evolutivo ainda é tão incipiente que muitas das vezes nos esforçamos dias, semanas, meses, para manter nosso padrão vibratório elevado e nosso controle emocional equilibrado. Buscamos boas leituras, assuntos edificantes, conversações positivas, posturas adequadas perante a vida e adoção de práticas voltadas para o bem.

E enquanto tudo está bem, nada nos ofende ou perturba.

Se nada dá errado, ficamos equilibrados, calmos e controlados.

Passamos até a impressão, para quem está ao nosso lado, de que conseguimos avançar na nossa escala evolutiva dos sentimentos e que atingimos o equilíbrio, tão necessário para uma vida saudável. Mas....basta algo dar errado.
Basta que algo nos incomode ou contrarie.

Basta que alguém ou alguma situação ameace afrontar nosso ego, e conteste nossa condição de "senhor absoluto da verdade", que jogamos, muitas das vezes, nosso esforço de meses, por terra. Neste momento, abrimos a jaula do nosso autocontrole e soltamos a fera que com muito custo temos mantido presa.

E esta, quando solta, ruge alto para mostrar força e poder.

O rugido estimula que as demais feras que encontram-se também presas nas jaulas alheias sejam soltas.

E aí a sensatez desaparece.

O equilíbrio se esvai.

O orgulho, a vaidade, a impaciência e a intolerância, comandadas pela azeda presunção, tomam conta da situação.

O caos mental se estabelece.

O organismo responde disparando cargas de adrenalina na corrente sanguínea, a respiração fica ofegante, os olhos se esbugalham e ficam vermelhos, não se ouvem mais vozes, apenas gritos.

E o " homem fera' nestes momentos, mostra quem realmente ele é.
Nestes momentos, basta uma fagulha para que o fogo da insensatez incendeie a mente e sejam cometidos os temíveis disparates da agressão física, muitas das vezes com consequências dramáticas. Passada a crise, o corpo afetado pela excessiva dose de adrenalina e pelas tensões musculares exigidas, padece as consequências.

A cabeça dói.

O estômago se ressente.

O coração se angustia.

A mente se volta à introspecção, remoendo e revivendo o episódio.

O sono fica prejudicado.

O apetite é comprometido.

A vitalidade, o sorriso, o bom humor e a alegria são lugar a estados depressivos.

Quando a fera volta para a jaula, a razão então atrofiada, pisoteada pela presunção, vai retornando aos poucos ao domínio da situação.
O sentimento ė de frustração.

E aí o indivíduo observa que tudo o que foi conseguido ao longo de meses de exercícios, meditações, leituras, esforços na obtenção do autocontrole foi-se por água abaixo.

O prédio do autocontrole, que estava sendo construído com muito custo, sucumbiu à primeira tempestade.

Ainda não estava forte o suficiente para resistir sequer ao primeiro teste.
Resta ao ser humano encarnado, ainda insignificante e frágil na sua necessária evolução, a retomada das rédeas da razão e do seu autoconhecimento, do domínio de seus impulsos.

Faz-se mister a reflexão sobre o insucesso da sua empreita.

E a perseverança em começar tudo de novo e não desistir jamais da sua missão de seguir adiante na busca do essencial.

Pirilampo

7 comentários:

  1. O mais importante é continuar a trilhar sempre o caminho para a porta estreita ensinado pelo divino mestre, independente de quantas vezes os reveses nos desviam da retidão. Que bom que temos a chance de iniciar a cada deslize que cometemos.

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  2. Um grande abraço amigo.
    Cesar Fraterna

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  3. Caro Cesar, grato pelo prestígio no nosso singelo blog.

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