quinta-feira, 30 de junho de 2016

NÃO BASTA FALAR, PRECISAMOS FAZER

É comum nas Casas Espíritas, os expositores contarem um caso que já se tornou conhecido entre aqueles que apreciam as palestras.

É a história de um senhor, já na fase da sua terceira idade que, tímido e reservado, toda semana comparecia àquele Centro Espírita, naquele mesmo dia da semana, para assistir à palestra.

Assíduo, há anos ali comparecia.
Sentava-se nas últimas cadeiras, sempre no mesmo lugar, naquele cantinho da parede.

Chegava mudo e saia calado. 
Sua timidez o impedia de interagir com os demais frequentadores.

Concentrava-se nas palavras dos expositores, prestava atenção em cada detalhe, absorvia cada segundo da fala do palestrante.

Ao final da palestra tomava o passe, a água fluidificada, pegava seu chapéu, colocava-o sobre a cabeça e seguia para sua casa.

Aquele anônimo frequentador daquele Centro Espírita adotava com rígida disciplina esta prática, sua assiduidade era impecável e assim o fez durante anos seguidos.

Num determinado dia, enquanto o  orador mais requisitado daquela casa fazia sua palestra, notou aquela cadeira vazia. A partir daquela data aquele assíduo frequentador não foi mais visto nas palestras.

Passaram-se alguns meses e este mesmo palestrante, de oratória vibrante e empolgada,  que à  todos encantava com suas palestras acabou desencarnando de forma inesperada.

E ele, o expositor espírita, ao chegar no Plano Espiritual logo percebeu que desencarnara.

Não estava muito bem, sentia-se desequilibrado, o lugar era escuro e envolto em névoas. 
Ouvia gemidos que não identificava de onde vinham, tinha a impressão que alguém o observava, sentia arrepios e até um pouco de medo.

Aquele não era o cenário que imaginava estar, quando desencarnasse.
Fechou os olhos, pôs-se em prece e pediu ajuda aos Espíritos de Luz para que o tirassem dali.

Assim que encerrou suas orações, ao abrir os olhos avistou alguém envolto numa luz muito forte, vindo ao seu encontro, para recebê-lo. 
Seu coração se alegrou e os temores logo se dissiparam.

Na medida em que aquele espírito se aproximava,  ele começava a perceber os contornos do corpo e o semblante daquele amigo que viera socorrê-lo.

Quando já estava bem perto, para sua surpresa, ele vê aquele senhor tímido e reservado que frequentava o Centro Espírita todas as semanas e que estivera centenas de vezes lá, quietinho, naquela cadeira do cantinho da parede, nos fundos do salão.

Ele chega sorridente, com o chapéu na cabeça, abre os braços e o envolve num aconchegante abraço, repleto de energias luminosas.

O palestrante, com lágrimas nos olhos o agradece, mas não se contém e lhe faz uma pergunta:

- Irmão, me perdoe a prepotência, mas por favor, preciso entender como pode isso acontecer. 
Quando encarnado fui Espírita por mais de 40 anos, fazia palestras por todo o Brasil, tinha uma agenda lotada durante todo o ano. 
Trabalhei incansavelmente pela Doutrina, na sua divulgação.

Agora chego no Plano Espiritual em um lugar escuro, macabro, creio ser o portal do umbral. Aí para minha surpresa vem o senhor aqui, envolto nesta luz toda me buscar, como pode ser isso?

No que aquele bondoso espírito lhe responde de forma humilde, com voz baixa e pausada:

- É simples irmão, tudo o que o senhor falava  lá na frente, eu fazia.

O orador espírita, em lágrimas o abraçou novamente e entendeu a lição que acabara de receber.





terça-feira, 28 de junho de 2016

O TAPETINHO VERMELHO

Uma pobre mulher morava em uma humilde casa com sua neta, que estava muito doente.

Como não tinha dinheiro para levá-la a um médico e, vendo que, apesar de seus muitos cuidados, a pobre menina piorava a cada dia, com muita dor no coração, resolveu deixá-la sozinha e ir à pé até a cidade mais próxima, em busca de ajuda.

No único hospital público da região, foi-lhe dito que os médicos não poderiam se deslocar até sua casa; ela teria que trazer a menina para ser examinada.

Desesperada, por saber que sua neta não conseguiria sequer levantar-se da cama, ao passar em frente a uma igreja resolveu entrar. Algumas senhoras estavam ajoelhadas fazendo suas orações. Ela também se ajoelhou.

Ouviu as orações daquelas mulheres e quando teve oportunidade, também levantou sua voz e disse:

“Olá, Deus, sou eu, a Maria. Olha, a minha neta está muito doente. Eu gostaria que o Senhor fosse lá curá-la. Por favor. Anote aí, Deus, o endereço.”

As demais senhoras estranharam o jeito daquela oração, mas continuaram ouvindo.

“É muito fácil, é só o Senhor seguir o caminho das pedras e, quando passar o rio com a ponte, o Senhor entra na segunda estradinha de barro. Passa a vendinha. A minha casa é o último barraquinho daquela ruazinha.”

As senhoras que tudo acompanhavam esforçavam-se para não rir.

Ela continuou: “Olha Deus, a porta tá trancada, mas a chave fica embaixo do tapetinho vermelho na entrada. Por favor, Senhor, cure a minha netinha. Obrigado.” E quando todas achavam que já tinha acabado, ela complementou: “Ah! Senhor, por favor, não se esqueça de colocar a chave de novo embaixo do tapetinho vermelho, senão eu não consigo entrar em casa. Muito obrigado, obrigado mesmo.”

Depois que a Dona Maria foi embora, as demais senhoras soltaram o riso e ficaram comentando como é triste descobrir que as pessoas não sabem nem orar.

Mas, Dona Maria, ao chegar em casa não pode se conter de tanta alegria, ao ver a menina sentada no chão, brincando com suas bonecas.

“Menina, você já está de pé?!?”

E a menina, olhando carinhosamente para a avó, disse: “Um médico esteve aqui, vovó. Deu-me um beijo na testa e disse que eu ia ficar boa. E eu fiquei boa. Ele era tão bonito, vó! Sua roupa era tão branquinha que parecia até que brilhava. Ah! ele mandou lhe dizer que foi fácil achar a nossa casa e que ele ia deixar a chave debaixo do tapetinho vermelho, do jeitinho que você pediu

"Deus não quer palavras bonitas Ele quer palavras sinceras"

“Vosso Pai sabe o que lhes é necessário, antes de vós pedirdes.

Se leu e gostou repasse, se não leu repasse, pq alguém vai ler gostar e se emocionar.

É uma lição de fé. ☺
Autor desconhecido,a história se encontra na internet, em vários sites , para quem quiser copiar!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

SER FELIZ - (republicação)

Ser feliz !

Se perguntarmos à qualquer pessoa o que mais almeja na vida, certamente a resposta será esta.

Todos queremos ser felizes !

No entanto, precisamos entender que ser feliz não exclui a possibilidade de convivermos com problemas.

Precisamos estar conscientes de que ser feliz e não ter problemas são duas coisas totalmente independentes uma da outra.

Podemos ter muitos problemas e manter no espírito a chama da alegria, da descontração, da amabilidade, da serenidade e da paz interior.

E podemos ter poucos problemas e apresentar uma postura equivocada diante da vida, onde destilamos raiva, ódio, revolta, amargura, pessimismo e tristeza.

Isso porque o sentimento de alegria, da felicidade, e da leveza no viver não está nas coisas exteriores.

A felicidade plena e absoluta jamais será realidade, na nossa atual condição de viventes deste planeta.

No entanto, temos a potencialidade para vivermos momentos de intenso contentamento e realizações, desde que consigamos enxergar  a grandeza de cada segundo que vivemos.

Precisamos exercitar nosso espírito para "curtir" intensamente as coisas simples, pequenas e importante.

O abraço sincero dos amigos.

O sorriso puro e franco de uma criança.

A beleza do amanhecer ou do pôr do sol.

O perfume de uma flor.

A poesia e a sonoridade de uma boa música.

O prazer de um diálogo descontraído com amigos e familiares.

As risadas gostosas que temperam o bom humor.

Tudo isso são "gotas" que se acumuladas no nosso cotidiano, nos leva a um estado de leveza existencial, a que chamamos "felicidade"

Se queremos ser felizes, precisamos plantar a semente da alegria.

A felicidade jamais virá de fora para dentro. 

Pelo contrário, nascerá sempre dentro de nós, para que a espalhemos com aqueles com os quais compartilhamos nossa existência.

E somente conseguiremos ser felizes se espiritualmente estivermos alimentados por este sentimento sublime e transcendental que nos fortalece e alimenta nossa alma.



À este sentimento damos o nome de Fé.

                                                                                     Pirilampo

quarta-feira, 22 de junho de 2016

LICÕES PRECIOSAS

Na nossa tarefa de terças-feiras no Centro Espírita Nova Luz, onde levamos lanches e agasalhos para os irmãozinhos que vivem nas ruas, as lições se renovam à cada novo dia de atividade.

Já relatei aqui alguns fatos, mas pediria licença aos leitores do blog para trazer mais alguns aprendizados.

Em uma esquina vazia, ao relento, nenhuma cobertura para o proteger, nem nenhum tipo de anteparo que o livrasse do vento e da friagem, ali estava um irmão.

Aparentando uns 60 anos de idade, barba grande, roupas sujas,  estava sentado no chão, sobre um cobertor muito sujo também.

Oferecemos o pão, o suco, ele aceitou na mesma hora.

Percebendo seus trajes insuficientes para o frio que a noite anunciava, oferecemos um cobertor, que ele recusou de pronto.

Insistimos e ele mostrava o cobertor fino e sujo sobre o qual estava sentado e ainda recusou.

Insistimos mais uma vez e na terceira recusa, optamos por não forçar. Ele não quis aceitar o cobertor de jeito nenhum.

Embora seja comum eles recusarem quando já possuem este ou aquele recurso, recomendando que entreguemos à ouros mais  necessitados, este não era o caso, o cobertor seria muito útil para ele.

Comentamos no grupo que ainda temos muito o que aprender com esses nossos irmãozinhos que vivem nas ruas.

Seus exemplos e posturas diante da vida nos deixam muitas das vezes emocionados e nos levam à reflexões profundas.

terça-feira, 21 de junho de 2016

AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS

Na medida em que vamos entendendo as relações e os mecanismos que regem o intercâmbio entre os plano encarnado e o mundo (para nós) invisível, muitas coisas que antes tínhamos dificuldade de compreender começam a ficar mais claras.

No momento em que passamos a ter a percepção de que o universo que nos rodeia transcende, e muito, os horizontes que conseguimos enxergar com os olhos da matéria, nossa visão passa a ser "cósmica", transcendental, ultrapassa as barreiras  da energia condensada (que chamamos de matéria).

Se nos defrontamos com dificuldades na jornada, que no passado nos pareceria "injustas" diante da nossa postura perante a vida, hoje, com esta percepção mais ampla, temos o entendimento de que coincidências e acasos não existem.

Se estamos passando por uma situação onde supostamente não encontramos razões para tanto, em virtude de não termos errado tanto na presente encarnação, já temos as respostas nas encarnações anteriores, onde, embora vergando corpos diferentes, éramos a mesma pessoa (o mesmo espírito).

No convívio social, mormente nas relações sob o mesmo teto, na sagrada organização familiar, é comum nos depararmos com comportamentos destoados com nossa orientação, por parte dos filhos queridos.

Hoje, como  já temos a noção de que muitas das vezes estes são espíritos com os quais não nos afinamos em vidas passadas e que desta feita, unidos pelos laços consanguíneos, temos a oportunidade de corrigir esta situação de impasse, tudo fica mais claro e mais fácil de administrar quando os confrontos surgem.

Por isso afirmamos sempre que a Doutrina Espírita, ao nos proporcionar o acesso à uma fé raciocinada, atua para nós como "Libertadora de Consciências" a nos conduzir para o aprendizado que nos leva à evolução.

Lembremo-nos das palavras do Espírito de Verdade, constante de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no seu Cap. VI, Item 5.


“Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades são encontradas no Cristianismo; os erros que nele criaram raiz são de origem humana. E eis que, além do túmulo, em que acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade!” – (Espírito de Verdade. Paris, 1860.)






segunda-feira, 20 de junho de 2016

ANSIEDADE E DEPRESSÃO

Diante dos dias conturbados que atualmente vivemos, o ser humano se vê cada vez mais vitimado pelos sintomas da ansiedade.

A ansiedade compromete a paz do espírito, cria um clima de desconforto, acomete à todos indistintamente.

Tira noites de sono, compromete o apetite, interfere nas relações sociais, deixa cinzento os dias.

A ansiedade é o excesso do amanhã no presente e para quem pensa que este é um problema dos dias atuais, basta buscar em Provérbios 12:25, onde está escrito: " A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra."

Juntamente com a ansiedade, temos um outro flagelo que tortura o homem, a depressão.

Se a ansiedade é o excesso do futuro, no presente, a depressão é o excesso do passado.

Ambas as doenças são "doenças da alma", das quais somente conseguiremos nos livrar se focarmos nossa vida no hoje.

O hoje é o único tempo factível, tangível e real na nossa atual condição. é somente no hoje que conseguiremos agir em nosso favor ou contra nós mesmos.

A conscientização de que o semear no hoje repercutirá implacavelmente na colheita no amanhã é o primeiro passo para afastarmos de nós a ansiedade e a depressão.

A hora é agora. Não vamos postergar nosso despertar.



sexta-feira, 17 de junho de 2016

LIÇÕES DE VIDA

Nas tarefas de assistência social, normalmente levada a termo por todos os Centros Espíritas, uma delas tem um papel impactante na nossa reforma íntima e na forma de encarar as circunstâncias da vida.

Refiro-me ao apoio aos moradores em condição de rua, nossos irmãos que perambulam pelas calçadas e ruas da cidade e dormem sob as marquises, quando não raro, ao próprio relento mesmo.

À cada novo dia na realização da tarefa, somos surpreendidos por profundas lições de vida, exemplos nobilitantes de postura e cenários claros de reflexos de outras vidas nas cenas que testemunhamos.

Citarei apenas três das experiências marcantes por mim presenciadaS recentemente.

1- Um cidadão de raça negra, forte, dentes perfeitos e sorriso cativante. Fala mansa e semblante tranquilo, o José (nome fictício para respeitar a privacidade do irmão), sempre nos recebe com muita simpatia.
Sempre pede dois pães e toma pelo menos dois copos do suco.
Enquanto come, faz questão de comentar sobre os quatro aviões do tipo teco-teco que ele tem e que ficam guardados no hangar do aeroporto de Carlos Prates (em B.H.). Cita ainda das mansões que tem na área nobre de BH e ultimamente está muito satisfeito com a última aquisição, um helicóptero que ele deixa no heliporto do Raja Grill (em B.H.)
Acabou de comprar um prédio inteiro no centro de Belo Horizonte e tem uma fundição, mas que está dando muito problema por conta de funcionários que não tem trabalhado direito.

O José nos traz à tona uma evidência perfeita de reminiscências de outras vidas pela convicção que fala, pela lucidez que possui e pelos detalhes que dá de coisas e fatos que certamente não vivenciou nesta presente reencarnação.

2- Um senhor moreno, magro, aparentando uns 40 anos, sem dentes na boca, sempre limpinho e bem arrumado é destaque naquela esquina.
Fala muito bem, tem um português impecável, raciocínio que demonstra uma inteligência e um senso crítico extremamente aguçados.
Sempre tem um comentário sobre o atual momento político do país, sempre atualizado sobre os problemas e fatos que rodeiam o mundo e sempre com uma tirada filosófica, William (nome também fictício), foi autor de algumas frases que fiz questão de memorizar.

"O homem anda angustiado e apreensivo diante dos problemas que o acometem no hoje, mas o que mais o perturba é a indefinição do amanhã. Sofre antecipadamente, sofrimentos que nem sabe se sofrerá."

"Vivo apenas com a roupa do corpo e um cobertor para me cobrir. Para que vou querer dois pares de sapatos, se só tenho dois pés? 
Para que vou querer duas blusas se só uso uma por vez. Para que carregar pesos desnecessariamente. O homem anda com a coluna vergada e o semblante carregado por conta do peso das coisas fúteis que carrega"

Quanta sabedoria e quanta verdade nas palavras de um morador em condição de rua?

3- Uma moça muito bonita e jovem estava na calçada com um carrinho de supermercado ao lado. Preparava uma cama de papelão para dormir. Abordamos a jovem sorridente e oferecemos o pão e o suco, no que de pronto ela aceitou. Depois de comer o pão e tomar o copo de suco, mostrou um pacote que estava cheio de roupas dentro do carrinho e perguntou:
- Vocês aceitam doação?
Surpresos dissemos que sim e então ela nos entregou aquele pacote dizendo que ganhara tudo aquilo, que eram roupas muito boas, mas que ela já tinha tirado as peças que precisava e tinha certeza de que muita gente nas ruas não tinha nada. Que distribuíssemos entre os que precisavam mais do que ela.

Quanta lição vinda de uma jovem que aparentava no máximo 25 anos?


Compartilho aqui essas lições para que os que tem a oportunidade de ler nosso blog, no intuito, sobretudo, de estimular que busquem também esta prática.

Além de estarmos praticando a caridade aos nossos irmãos mais necessitados, somos os primeiros beneficiados com os ensinamentos e lições de vida que presenciamos.


quinta-feira, 16 de junho de 2016

ANINHA E O GATINHO "VAQUINHO"

Aquela casa mais parecia um gatil.
Os donos, "gateiros inveterados" tinham nada mais, nada menos, que oito gatos.

Cada um de raça diferente, cada um mais lindo que o outro. 
Gatos de raça com "pedigree" e tudo mais, eram tratados com muito carinho e amor.

Cada qual tinha um nome (é até sobrenome, o da família, claro).
Cada qual tinha sua almofadinha para dormir, seu pratinho para ração e  a água era disponibilizada em um pequeno chafariz, para matar a sede dos bichanos.
Até o "banheiro", aquela caixinha com o famoso "pipicat" era individual.

Castrados, vermifugados, muito bem alimentados com ração de primeira qualidade, eram os reis da casa. 
Mandavam e desmandavam nos seus "servos humanos", que se derretiam diante dos felinos tão fofinhos.

Um certo dia, Aninha, de cinco anos, a caçula do casal, menina muito meiga e carinhosa, ao chegar na garagem do prédio viu um gatinho de rua.
Preto e branco, lembrava uma vaquinha holandesa e a menina logo o batizou de "Vaquinho", pois parecia ser um gato macho.

Magrinho, sujo, mancando de uma perninha, ao vê-la, o bichinho começou a miar olhando para ela com olhinhos meigos e com ar de sofrimento.
Ela, penalizada com as condições do bichinho, não hesitou, voltou correndo para o apartamento, pegou um pouco de ração dos seus gatos, preparou um potinho de água e os colocou na garagem, num cantinho discreto da parede.

O gatinho correu até o pote, comeu afoito e um pouco assustado toda aquela ração, tomou a água e se foi, puxando de uma das perninhas.

Aninha ficou feliz e embora morrendo de vontade, não comentou nada com a mãe.

No outro dia, desceu escondida, no mesmo horário e lá estava o bichinho de novo. 
Repetiu-se a cena e ela voltou para o apartamento feliz, por estar alimentando o bichano, mas ainda manteve segredo.

E assim passaram-se alguns dias, até que a mãe começa a perceber aquelas idas e vindas da garagem, com muita frequência.

Disfarçada vigia a filha e a segue, no momento em que a menina  desce.

Escondida, presencia a filha alimentando e acariciando aquele gato sujo, aparentemente doente, magro e pulguento, que agora já lambe as mãos da menina em agradecimento pela comida que ela levara.

A mãe dá um grito, a menina se assusta, o gatinho deixa a comida e sai disparado, mancando ainda mais da perninha machucada.

Ela vai apressada até a menina, com semblante carregado e voz áspera a repreende dizendo:

- Você não tem um pingo de juízo. Ficar mexendo com esses gatos de rua sujos e nojentos. Vai acabar levando doenças para os nossos em casa. Está proibida de fazer isso. Já temos oito gatos em casa para você curtir, larga de ser irresponsável.

Com tristeza, a menininha vê a mãe quebrar os dois potinhos, jogando a ração restante no lixo e a água fora. O gatinho, assustado, ainda com esperança de voltar para comer o restinho da ração, olha do outro lado da rua para a menina, com os olhinhos brilhantes e pidonhos.

A mãe pega a menina pelos braços, que sobe com os olhos marejados e soluçando e vai para seu quarto, abre a janela e fica olhando o "Vaquinho" que ainda está do outro lado da rua, na calçada.

Cansada e entristecida, Aninha deita e adormece. 
É acordada pela mãe para o jantar e quase não come.

Na hora de se recolher, como de praxe, chama a mãe para fazer a oração (sempre fez isso desde muito novinha e tornou-se um hábito da menina).

Ajoelham-se as duas, fecham os olhos e a menina começa a fazer sua pura e inocente oração:

"-Papai do céu, obrigado por este dia. Abençoa nossa noite de sono. 
Hoje eu tenho um pedido especial, eu queria pedir para o senhor ajudar o Vaquinho a encontrar uma outra menina que queira dar comida para ele, mas que a mãe dela deixe ela fazer isso porque eu não vou mais poder levar ração para ele na garagem.
E tenho ainda um outro pedido, não deixa eu crescer não, pois os adultos tem mania de tratar as pessoas que moram na rua como bicho e os bichos como lixo. Amém!"

Levanta-se, deita-se com um sorriso nos lábios com a certeza de que o Papai do Céu atenderia seu pedido.

A mãe também se levanta sorrindo, beija a testa da filha, puxa o edredon sobre ela e sai do quarto pensando:
 "- Quanta ingenuidade desta criança, com tantos gatos em casa, preocupar-se com um gatos de rua, como se fosse resolver o problema de todos os gatos abandonados, tratanto somente deste. Um dia ela amadurece, é apenas uma criança".

Em seguida, pega dois gatos persas no sofá, envolve-os em uma manta felpuda e os leva para cama, para dormirem junto com ela.

É tarde, quase de madrugada.
Em um outro prédio não muito longe dali, uma outra menininha quase da mesma idade sacode a mãe já adormecida no quarto, que acorda assustada:

- O que foi filha?

E a menininha diz:

- Mamãe, estou escutando um miado, não é do nosso gato porque ele está dormindo no sofá, vem da garagem, tenho certeza.

- A mãe imediatamente pula da cama, sem pensar duas vezes abre a janela e consegue ver um gatinho branco e preto mancando de uma das perninhas, andando pela garagem e miando.

Veste um agasalho e quando chega na sala a filha já estava agasalhada, com um potinho de ração e outro de água às mãos.

Descem as duas abraçadas e sorridentes e quando chegam na garagem lá estava ele, o Vaquinho, com os olhinhos tristes e pidonhos, implorando por comida.

Elas o acolhem, pegam o bichinho (muito manso), fazem carinho nele e o levam até o potinho.

E o bichinho sacia sua fome e mata sua sede, recebe carinho e amor naquela madrugada fria. 

Aninha,  no prédio ali próximo, dorme tranquila, com um semblante sereno e sorriso desenhado nos lábios.
Sonha com o Vaquinho, de barriguinha cheia, puxando a perninha e saindo de uma garagem onde mãe e filha acenam para ele jogando beijinhos.







quarta-feira, 15 de junho de 2016

SOMENTE A VIGILÂNCIA TRAZ O EQUILÍBRIO

Após anos seguidos de atividades no Centro Espírita, o abnegado trabalhador, enfim, teve oportunidade de participar de uma reunião mediúnica.

Estava ansioso e seguiu rigorosamente as recomendações do diretor dos trabalhos. Manteve o espírito em prece o dia todo, fez uma alimentação leve, procurou evitar conversas improdutivas, enfim, preparou-se com muita atenção para a ocasião por ele tão esperada.

E assim se manteve durante todo o dia, exercitando equilíbrio, procurando se controlar diante dos problemas surgidos, afinal, precisava estar preparado e com o padrão vibratório elevado para atuar na sustentação, juntamente com outros companheiros daquela tarefa.

O dia passou rápido, ele saiu do trabalho e foi direto para casa, estava até um pouco afoito, correu direto para o banheiro para tomar seu banho e esqueceu-se de levar a toalha.

Quando terminou seu relaxante banho, deu-se conta de que não tinha com o que se enxugar, irritou-se com isso e gritou para a mulher que levasse para ele a toalha. Ela, ocupada com os afazeres domésticos, já respondeu também gritando que não tinha obrigação nenhuma de levar a toalha, que estava ocupada e que ele esperasse.

Enquanto esperava, seu descontentamento aumentou, ficou ainda mais irritado e já estava saindo sem roupa mesmo e molhado, quando a esposa levou a toalha.

Apenas cobriu o corpo com ela, saiu molhado, resmungando, com os pés descalços, o piso todo molhado. Acabou escorregando no corredor, soltou um palavrão ao se levantar com um "galo" na testa.

Foi para o quarto, vestiu a roupa já meio atrasado, nem disse "tchau" para a mulher, pegou o carro e saiu apressado. Ao entrar em uma esquina com velocidade um pouco alta, quase atropelou um motociclista que o xingou, fazendo gestos de agressividade. Nervoso, colocou a cabeça para fora da janela e também xingou o motociclista.

Dirigindo tenso e afobado, passou em um semáforo vermelho, justamente o que tinha radar de avanço. Isso acabou de vez com seu humor e ele começou a praguejar alto, até chegar ao Centro Espírita.

Lá chegando, tentou se acalmar, procurou o dirigente dos trabalhos, contou apenas uma pequena parte do ocorrido, omitiu os pontos mais críticos e logo depois se dirigiu à sala onde aconteceriam os trabalhos práticos.

Os trabalhos transcorreram como sempre. 
Espíritos sofredores se manifestaram, foram orientados.
Irmãos ainda em estado de confusão mental, desorientados e inseguros, foram esclarecidos.
Aquela Casa de Caridade mais um dia cumpriu seu papel de apoio aos irmãos desencarnados através da abençoada faculdade da mediunidade.

Ao final dos trabalhos, o dirigente o procurou em particular e lhe disse.

Meu irmão, recomendo que você passe por um tratamento espiritual para melhor se equilibrar, pois percebi que durante todo o tempo em que transcorreu nossos trabalhos, estava ao seu lado um irmão que disse ter se divertido muito com você hoje, desde o momento em que você chegou em casa.

Ele comentou que bastou  fazer você se esquecer de uma tolha na hora do banho. Isso foi o suficiente para jogar por terra todos os seus esforços de um dia inteiro, na tentativa de se preparar para a reunião.

No final,disse ainda que você só não atropelou o motociclista porque sua esposa, ao perceber que você tinha saído nervoso e descontrolado, fez uma prece para você, pedindo proteção no seu trajeto até o Centro.






terça-feira, 14 de junho de 2016

JOÃO BOSCO E A "MACUMBA"

Naquele dia João Bosco abriu o bar, como sempre o fazia, pontualmente às 9h da manhã.

O dia estava ensolarado, porém soprava uma brisa fria. 
Ele abriu a porta da rua da frente, a rua principal, esticou o toldo e foi em direção à rua lateral (o bar ficava em uma esquina).

Ao abrir a porta lateral, observou que algo ali estava, bem rente à porta, na calçada.

Acabou de levantar a porta sanfonada até o seu limite e ao descer o degrau do desnível até a calçada, receoso observou que era um "despacho", e dos bons!

Uma galinha preta (que coitada acabou "pagando o pato"), uma garrafa de cachaça das "marvada" (bem que o "santo" preferia uma marca melhor), farinha (esta sim, das boas e temperada), velas preta e vermelha (seria o santo flamenguista?) e junto uma cumbuca de uma comida típica do nordeste (sarapatel?).

João Bosco se benzeu três vezes, rezou a "Salve Rainha" o "Credo", fez uma prece para São Bento e saiu logo dali, assustado, com o corpo em arrepios.

Passou o dia inteiro pensando na "macumba" ali encontrada.

Aliás, o dia todo, a noite toda, e mais o dia seguinte e a noite seguinte. Na verdade foram muitos os dias em que não conseguia pensar em outra coisa.

Comentou com a esposa, a sogra, a cunhada, os vizinhos, os fregueses do bar. Aliás, comentava com todo mundo que encontrava.

Dizia ele que não era à toa que as coisas não estavam indo bem na casa dele. Problemas de saúde com a família, problemas financeiros que o perturbavam, a freguesia cada vez mais fraca.

Era isso, algum inimigo devia estar preocupado com o barulho do bar, alguém o estava invejando, só podia ser isso. 

Na verdade, ele até já tinha mais ou menos a idéia de quem deveria ser. Aquele vizinho da casa dos fundos. O "santo" dele nunca tinha batido com aquele antipático que o olhava com cara de mau. Sim, tinha certeza, era ele.

Preocupado com o tal despacho, ensimesmado com a cena daquela galinha preta e a cumbuca com sangue coalhado ao lado, perdeu o foco no balcão e os maiores atrativos do seu bar que era sua alegria e descontração, com os trocadilhos sempre inteligentes, deixaram de existir. Como resultado, os clientes começaram a se afastar.

Encucado com a "macumba" (que já não estava mais lá há semanas), negligenciou as compras para o bar e as cervejas especiais que os clientes tanto apreciavam começaram a faltar para os poucos clientes que ainda frequentavam seu bar.

Começou a comer pouco, dormir pouco, ficar deprimido e a resistência do organismo acabou sendo comprometida, ficou doente.

Um mês depois, com o movimento do bar fraco, com contas para pagar, doente e sem disposição para nada, resolveu visitar um Centro Espírita para consultar-se e afastar os efeitos maléficos do tal "despacho" que fora feito para ele.

Foi atendido no Atendimento Fraterno da instituição, com a recomendação de sempre:  prece, recolhimento, passes e a prática da caridade.

Ao sair da sala, o orientador espiritual da casa se manifesta e comenta:

- Vejam todos vocês o que o ser humano encarnado é capaz de produzir para si mesmo, por conta da falta do conhecimento. 
Espíritos aqui presentes, responsáveis pela solicitação do tal "despacho" nos informam que aquela oferenda somente estava lá porque aquela "encruzilhada" era a mais próxima para o ofertante. 
E mais, afirmam que era uma oferenda apenas para solicitação de ajuda na solução de um problema que o ofertante estava tendo, nada tinha de mal na intenção.

João Bosco fora vítima de si próprio e do seu desconhecimento, causando ele mesmo os problemas que começaram a afligi-lo.

Conheça a Verdade e a Verdade vos libertará.





segunda-feira, 13 de junho de 2016

NESTE INVERNO, AQUEÇAMOS NOSSOS CORAÇÕES

Chega o inverno.

A temperatura cai, tiramos os agasalhos do guarda-roupa, entram em cena os cobertores, os edredons, os aquecedores.
Alguns apreciam  temperatura mais baixa, outros não, mas na verdade, nosso rotina não muda muito, nada que meias quentinhas, calçados fechados, blusas e moletons não resolvam.

Nossa situação é confortável, temos uma cama aconchegante para dormir, chuveiro quentinho, alimentação adequada para a estação.
No entanto, começa agora, para nossos irmãozinhos que vivem em situação de rua, um verdadeiro suplício.

Dormir no chão frio, em cima de papelão, sem agasalhos adequados e cobertores para aquecê-los, além do desconforto e do sofrimento da baixa temperatura, acaba por acometê-los de enfermidades as quais eles não tem a menor condição de cuidar.
Sem dinheiro nem para comer, como comprarão remédios?

Todos os anos não são poucos os que perecem nas calçadas vitimados pelo frio ou por doenças resultantes da exposição às baixas temperaturas.
Está na hora de abrirmos nossos guarda-roupas (e principalmente nossos corações) e praticar o desapego.

Roupas, calçados, agasalhos, cobertores que sempre temos de sobra em casa, nessas horas podem amenizar o sofrimento de incontáveis irmãos que dormem ao relento.

Precisamos agradecer à Deus por estarmos em uma situação privilegiada de poder contribuir, de poder dar, pois as coisas poderiam ser diferentes, poderíamos estar no lugar deles (ninguém jamais poderá dizer que isso nunca acontecerá).

Desta forma, neste inverno que nos bate à porta, aqueçamos nossos corações na prática da caridade, fazendo o que nos é possível para levar nossa contribuição aos irmãos que vivem em situação de rua.

Fora da caridade não há salvação, não nos esqueçamos nunca disso.





sexta-feira, 10 de junho de 2016

JOSÉ E O ENCOSTO

Após muita resistência, enfim José resolve ir a um Centro Espírita.
Católico por tradição de família, há mais de um ano ele se vê incomodado com vozes, arrepios, pressentimentos e "visitas do além".

Sem compreender a situação, amendrontado e inseguro, fez de tudo o que estava ao alcance para se livrar do "encosto".

Foi a um padre exorcista, em sessões de descarrego, fez simpatias, comprou amuletos, fez despachos e nada resolvia.

Frequentador assíduo de um barzinho na esquina de casa, bastava tomar a terceira ou quarta cerveja depois da "pinguinha quebra gelo", que seu corpo se arrepiava, sentia calafrios, uma sensação estranha como se alguém estivesse soprando sua nuca e começava a falar coisas estranhas e a dar gargalhadas. Não aguentava mais aquilo.

Ao terminar de expor sua situação no Acolhimento Fraterno daquele Centro Espírita, foi orientado a tomar uma sessão de passes, assistir à palestra no Centro e na medida do possível evitar o uso do álcool.

Preocupado com o julgamento dos "colegas de copo", inventou uma desculpa que estava tomando remédio e deixou de beber por um mês.
Assistiu religiosamente às palestras semanais.
Tomou todos os passes conforme sugerido.

E não é que deu resultado!
O "encosto se desencostou" e não mais teve problemas com os "fantasmas do além" que tanto o assombravam.

Passaram-se duas semanas, três semanas, um mês de completa abstinência, frequência à casa Espírita, Evangelho no Lar e Passes, e tudo corria às mil maravilhas.

Até que um dia, passando em frente ao barzinho, é chamado pelos amigos para "tomar umazinha". 

Logo pensou que apenas uma cervejinha não lhe faria mal.

Tomou o "quebra-gelo" e engrenou na cerveja até às duas da manhã. Chegou em casa cambaleante, tropeçou no tapete, a esposa estava no sofá da sala aguardando.

Quando foi falar com ela, sentiu que sua voz estava diferente, começou a dar gargalhadas, teve uma impressão que seu corpo estava "tomado pelo cão" de novo.

A esposa, tranquila, abriu o Evangelho, fez uma prece, direcionou-o ao chuveiro e recolheu-se ao repouso.

No outro dia, na hora do café, José já refeito da bebedeira do dia anterior, mas ainda com um pouco de ressaca,  comenta com a mulher.

- Centro Espírita fraco este que nós estamos indo hein? No primeiro teste que fiz para ver se o encosto tinha ido embora, veio essa recaída brava. Vamos trocar de Centro mulher.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

A HISTÓRIA DO SR. JOÃO

Em um pequeno vilarejo, próximo à zona rural de uma também pequena cidade, existia uma feira de produtores, comum nestas localidades.

Todos os domingos o Sr. João, camponês que residia nas encostas da bonita serra que circundava a cidade, se fazia presente na feira com sua pequena carroça tracionada por um burrinho manso e gracioso, o "Teimoso"  que era alvo da atenção dos seus fregueses e recebia carinhos de todos.

O Sr. João vendia queijos fabricados por ele mesmo, com o leite tirado de suas duas vaquinhas. Vendia também doce de mamão, paçoca de amendoim, rapaduras, doce de leite e de abóbora. Sua esposa, habilidosa doceira,  garantia uma boa freguesia pela qualidade de suas guloseimas.

E o Sr. João, por anos consecutivos frequentou aquela feira, era muito querido pelos fregueses que o tratavam com muito carinho e respeito, auxiliando-o, inclusive, nos trocos, pois era totalmente analfabeto e tinha dificuldade com as contas.

Em um determinado dia, uma das suas freguesas assíduas o abordou perguntando se ele tinha alguma religião, se ele frequentava alguma igreja e ele, sorridente, afirmou que no alto daquela serra onde morava não tinha igreja não, somente mato e "bicho brabo".

Ela então, com ternura lhe disse que ele teria de procurar uma religião, mesmo que ele fosse somente uma vez ou outra na igreja. Que ele teria de frequentar um culto, "aceitar a Jesus" pois se não o fizesse, não obteria a salvação.

E o Sr. João, por detrás daquele sorriso largo, passou as mãos pela barba branca, tirou o chapéu, colocou sobre a banca e disse:

- Vou contar uma história para a senhora e depois fazer uma pergunta, posso?

No que aquela senhora aquiesceu de pronto, chamando outras amigas para também ouvir, que vieram animadas.

E ele disse:

- Oceis tão vendo aquele  montanha ?  Tão vendo  aquele pontinho branquinho no alto da serra?  Lá é minha casa. 

Todo domingo, saio de casa às três horas da madrugada para chegar aqui às seis horas mais ou menos.

É longe, o caminho é difícil e venho devagarinho para não cansar o Teimoso.

Quando o tempo está firme, gosto de vir por um ataio, pelo meio do mato, e venho sentindo o cheiro das árvores e das flores. É melhor porque tem menos poeira.

Agora, quando o tempo fica rebuscado, perfiro andar pela estradinha mesmo, pois o Teimoso anda mais rápido e chego mais depressa.

Agora, quando chove é que é problema, tenho que ficar trocando de caminho, porque tem horas que um fica  melhor e tem horas que o  outro é que fica.

Agora, eu pergunto, a senhora e os outros fregueis que estão ouvindo meu causo e que gostam tanto dos docinhos que a patroa faz, sentem alguma diferença nos doces ou nos queijos quando eu mudo o caminho, quando eu demoro mais ou demoro menos, quando o Teimoso empaca ou deixa de empacar?

Todos responderam unânimes que não, esperando o que ele diria a seguir.

Aí o Sr. João, todo sorridente e com a simplicidade dos humildes completa:

"- Pois é, eu acho que neste negócio de religião é mais ou menos assim também. 
O que importa é a "qualidade do doce" que levamos para oferecer a Deus depois que morremos, e não o caminho que escolhemos para chegar até lá, vocês não concordam?"


E todos sorriram admirando a sabedoria daquele camponês, que embora analfabeto, entendia o verdadeiro significado de ser bom, independentemente dos rótulos religiosos.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

8.000 VISUALIZAÇÕES - A HISTÓRIA DE COMO SURGIU O "RÉSTIAS DE LUZ"

No dia 22/09/2015 senti mais uma vez a presença de um amigo espiritual que sempre me acompanha desde o ano de 1991, quando tomei a iniciativa de começar a atuar nas atividades de divulgação da Doutrina Espírita, editando e publicando um pequeno jornal para a Sociedade Fraterna de Estudos Espíritas, na capital paulista, que se definiu chamaria "O Pirilampo".

Lembro-me que quando escrevia os artigos e as matérias para o jornalzinho, eu era tomado de uma forte influenciação e as intuições fluíam de uma forma muito prazerosa.

Depois comecei a fazer as pequenas explanações (com um nervosismo que me fazia tremer as pernas), depois as preleções das palestras, até que um dia tive que substituir o palestrante, um antigo trabalhador da casa muito querido.

A responsabilidade foi grande, o coração batia acelerado, as pernas bambearam e então quando achei que não conseguiria, este amigo espiritual me "pegou pela mão" e me disse: - Fique tranquilo, faremos a palestra juntos.

Depois deste dia passei a fazer palestras, primeiro na Sociedade Fraterna de Estudos Espíritas (casa em que eu trabalhava), depois na grande São Paulo, depois em todo o Vale do Paraíba. Tinha uma vasta agenda preenchida durante todo o ano como expositor da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo).

Anos depois, por circunstâncias de ordem profissional, acabei morando num lugar, trabalhando em outro, viajando muito e foram seis longoss anos afastados de atividades regulares no Centro Espírita.

Foi muito difícil, minha espiritualidade ficou muito prejudicada, estacionei nos estudos, deixei de fazer palestras, frequentava raramente esta ou aquela instituição espírita única e exclusivamente para tomar um passe ou assistir à uma palestra. Não foi uma fase boa e prazerosa de se lembrar.

Isso aconteceu até o dia em que tive a alegria de conhecer o Centro Espírita Nova Luz, na Rua Rubi, 575 - Prado - em Belo horizonte.

A espiritualidade me levou para um local onde, no momento em que cheguei, já me senti em casa.

As portas daquela casa de caridade se abriram para mim de uma forma surpreendente e pouco tempo depois já recomecei com minhas palestras.

Na primeira delas me emocionei muito, a voz ficou embargada, os olhos lacrimejaram, e ali estava ao meu lado, aquele amigo espiritual que me ajudava a fazer o jornalzinho Pirilampo, sorridente e feliz com minha volta.

E foi no dia 22/09/2015 que, ao acordar, percebi o amigo ao meu lado e ele me disse que uma vez que eu tinha retomado as palestras, estava na hora de "tirar o atraso".

Que eu deveria utilizar minha facilidade na escrita para fazermos juntos um "Blog" e que eu deveria publicar diariamente mensagens curtas  que remetessem aos fatos e vivências do cotidiano, sempre tendo como plano de fundo a Doutrina Espírita.

O nome sugerido para o Blog foi "Réstias de Luz" e quando perguntei pelo nome que deveria chamá-lo doravante, uma vez que o citaria na apresentação da página, ele me disse: simplesmente "Pirilampo".

Hoje 08/06/2016, antes de completarmos nove meses da criação deste espaço, já temos mais de oito mil visualizações, visitas de 18 países e quase duzentos posts publicados.

O meu sentimento é de muita alegria, pois amo trabalhar na divulgação da Doutrina e isso me enche a alma de empolgação para seguir adiante com o projeto, que é publicar um livreto com este mesmo nome, depois que tivermos trezentos e sessenta e cinco publicações.

Gostaria de agradecer imensamente à todos que me acompanham neste nosso espaço, me incentivam a seguir adiante e me prestigiam nas leitura das publicações diárias.

Ao amigo Pirilampo, emocionado, dou graças à Deus por tê-lo comigo, mesmo reconhecendo que não sou merecedor de tamanho privilégio.

Compartilho com os queridos irmãos um pouco da história deste Blog, para que todos possam compreender a alegria que invade minh'alma no momento em que nos aproximamos cada vez mais das 10.000 visualizações.

Que Jesus, o amigo incondicional de nossas almas continue nos abençoando, e que nosso companheiro Pirilampo possa continuar tendo paciência com nossos deslizes e imperfeições, para que consigamos lograr êxito, avançando com este abençoado trabalho.

Grato, muito grato a todos.

PAZ e LUZ.


O URSO, AS ONÇAS E O MORANGO

Um sujeito caminhava tranquilamente por uma floresta quando, assustado, percebeu que um urso saiu do meio do mato e passou a persegui-lo.

Correu desesperado para salvar-se até que chegou ao fim daquele trilha, que terminava em um barranco. Não pensou duas vezes, lançou-se e terminou preso em uma árvore que o impediu de cair até o solo.

Para sua surpresa, olhou para baixo e lá estavam duas onças famintas.

Em cima o urso, nervoso por tê-lo perdido, dava com as mãos, arranhando o barranco e em baixo as onças já estavam até salivando pensando no belo almoço.

Ele deu graças  Deus por aquela arvorezinha que Deus, providencialmente plantara naquele barranco. Acomodou-se melhor encostando-se no tronco e observou ao redor, quando percebeu um morango silvestre lindo, grande e maduro, bem ao alcance de suas mãos.

Em meio aos rugidos do urso nervoso  logo acima e dos miados das onças famintas logo abaixo, ele, extasiado pela beleza daquela fruta, esticou seu braço e a colheu.

Já com ela nas mãos, observou cada detalhe.
O vermelho forte e as pintinhas verdes que a contornavam. Passou os dados e sentiu a textura da fruta. Chegou com ela até próximo às suas narinas e absorveu aquele perfume suave. Por fim, com a boca já salivando, mordeu a fruta saboreando-a lentamente, com os olhos fechados e respirando suavemente.

Absorto com aquele momento sublime, seus ouvidos sequer lhe permitiram ouvir os grunhidos e rosnados das feras que o ameaçavam, embora elas ainda estivessem lá, ansiosas por atacá-lo.

Assim é nossa vida.
Em muitos momentos estaremos sendo ameaçados por problemas e situações amedrontadoras a nos perseguirem.

Será necessário, nesses momentos, buscar a árvore presa ao barranco para pararmos, refletirmos e buscar a tomada de decisão mais acertada. No entanto, para alcançar a árvore, precisaremos tomar coragem de nos lançarmos barranco abaixo até alcançá-la.
A árvore não virá até nós, nós é que necessitaremos chegar até ela.

E o mais importante, "coma o morango". Não é porque os " ursos e as onças famintas" dos seus problemas e desafios o ameaçam que você deixará de saborear os bons momentos da vida.

Todos nós, invariavelmente teremos problemas.
Jamais nos veremos livres deles.
Sejam eles "ursos" ou "onças" , JAMAIS DEIXE DE COMER OS MORANGOS.