Após muita resistência, enfim José resolve ir a um Centro Espírita.
Católico por tradição de família, há mais de um ano ele se vê incomodado com vozes, arrepios, pressentimentos e "visitas do além".
Sem compreender a situação, amendrontado e inseguro, fez de tudo o que estava ao alcance para se livrar do "encosto".
Foi a um padre exorcista, em sessões de descarrego, fez simpatias, comprou amuletos, fez despachos e nada resolvia.
Frequentador assíduo de um barzinho na esquina de casa, bastava tomar a terceira ou quarta cerveja depois da "pinguinha quebra gelo", que seu corpo se arrepiava, sentia calafrios, uma sensação estranha como se alguém estivesse soprando sua nuca e começava a falar coisas estranhas e a dar gargalhadas. Não aguentava mais aquilo.
Ao terminar de expor sua situação no Acolhimento Fraterno daquele Centro Espírita, foi orientado a tomar uma sessão de passes, assistir à palestra no Centro e na medida do possível evitar o uso do álcool.
Preocupado com o julgamento dos "colegas de copo", inventou uma desculpa que estava tomando remédio e deixou de beber por um mês.
Assistiu religiosamente às palestras semanais.
Tomou todos os passes conforme sugerido.
E não é que deu resultado!
O "encosto se desencostou" e não mais teve problemas com os "fantasmas do além" que tanto o assombravam.
Passaram-se duas semanas, três semanas, um mês de completa abstinência, frequência à casa Espírita, Evangelho no Lar e Passes, e tudo corria às mil maravilhas.
Até que um dia, passando em frente ao barzinho, é chamado pelos amigos para "tomar umazinha".
Logo pensou que apenas uma cervejinha não lhe faria mal.
Tomou o "quebra-gelo" e engrenou na cerveja até às duas da manhã. Chegou em casa cambaleante, tropeçou no tapete, a esposa estava no sofá da sala aguardando.
Quando foi falar com ela, sentiu que sua voz estava diferente, começou a dar gargalhadas, teve uma impressão que seu corpo estava "tomado pelo cão" de novo.
A esposa, tranquila, abriu o Evangelho, fez uma prece, direcionou-o ao chuveiro e recolheu-se ao repouso.
No outro dia, na hora do café, José já refeito da bebedeira do dia anterior, mas ainda com um pouco de ressaca, comenta com a mulher.
- Centro Espírita fraco este que nós estamos indo hein? No primeiro teste que fiz para ver se o encosto tinha ido embora, veio essa recaída brava. Vamos trocar de Centro mulher.
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