quinta-feira, 30 de junho de 2016

NÃO BASTA FALAR, PRECISAMOS FAZER

É comum nas Casas Espíritas, os expositores contarem um caso que já se tornou conhecido entre aqueles que apreciam as palestras.

É a história de um senhor, já na fase da sua terceira idade que, tímido e reservado, toda semana comparecia àquele Centro Espírita, naquele mesmo dia da semana, para assistir à palestra.

Assíduo, há anos ali comparecia.
Sentava-se nas últimas cadeiras, sempre no mesmo lugar, naquele cantinho da parede.

Chegava mudo e saia calado. 
Sua timidez o impedia de interagir com os demais frequentadores.

Concentrava-se nas palavras dos expositores, prestava atenção em cada detalhe, absorvia cada segundo da fala do palestrante.

Ao final da palestra tomava o passe, a água fluidificada, pegava seu chapéu, colocava-o sobre a cabeça e seguia para sua casa.

Aquele anônimo frequentador daquele Centro Espírita adotava com rígida disciplina esta prática, sua assiduidade era impecável e assim o fez durante anos seguidos.

Num determinado dia, enquanto o  orador mais requisitado daquela casa fazia sua palestra, notou aquela cadeira vazia. A partir daquela data aquele assíduo frequentador não foi mais visto nas palestras.

Passaram-se alguns meses e este mesmo palestrante, de oratória vibrante e empolgada,  que à  todos encantava com suas palestras acabou desencarnando de forma inesperada.

E ele, o expositor espírita, ao chegar no Plano Espiritual logo percebeu que desencarnara.

Não estava muito bem, sentia-se desequilibrado, o lugar era escuro e envolto em névoas. 
Ouvia gemidos que não identificava de onde vinham, tinha a impressão que alguém o observava, sentia arrepios e até um pouco de medo.

Aquele não era o cenário que imaginava estar, quando desencarnasse.
Fechou os olhos, pôs-se em prece e pediu ajuda aos Espíritos de Luz para que o tirassem dali.

Assim que encerrou suas orações, ao abrir os olhos avistou alguém envolto numa luz muito forte, vindo ao seu encontro, para recebê-lo. 
Seu coração se alegrou e os temores logo se dissiparam.

Na medida em que aquele espírito se aproximava,  ele começava a perceber os contornos do corpo e o semblante daquele amigo que viera socorrê-lo.

Quando já estava bem perto, para sua surpresa, ele vê aquele senhor tímido e reservado que frequentava o Centro Espírita todas as semanas e que estivera centenas de vezes lá, quietinho, naquela cadeira do cantinho da parede, nos fundos do salão.

Ele chega sorridente, com o chapéu na cabeça, abre os braços e o envolve num aconchegante abraço, repleto de energias luminosas.

O palestrante, com lágrimas nos olhos o agradece, mas não se contém e lhe faz uma pergunta:

- Irmão, me perdoe a prepotência, mas por favor, preciso entender como pode isso acontecer. 
Quando encarnado fui Espírita por mais de 40 anos, fazia palestras por todo o Brasil, tinha uma agenda lotada durante todo o ano. 
Trabalhei incansavelmente pela Doutrina, na sua divulgação.

Agora chego no Plano Espiritual em um lugar escuro, macabro, creio ser o portal do umbral. Aí para minha surpresa vem o senhor aqui, envolto nesta luz toda me buscar, como pode ser isso?

No que aquele bondoso espírito lhe responde de forma humilde, com voz baixa e pausada:

- É simples irmão, tudo o que o senhor falava  lá na frente, eu fazia.

O orador espírita, em lágrimas o abraçou novamente e entendeu a lição que acabara de receber.





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