Diariamente observamos com cada vez mais evidência na mídia, nos programas religiosos das mais diversificadas denominações, os supostos "exorcismos" e "descarregos"
Diante de uma platéia apreensiva e estupefata, evidenciam-se lamentáveis cenas onde pessoas supostamente "tomadas pelo demônio" jogam-se ao chão, esperneando, gritando com voz rouca e grave, dando gargalhadas dignas dos mais fantasiosos filmes de terror.
E vem o sacerdote aos gritos, com a bíblia na não, impositivo e autoritário, gritando ainda mais alto do que o próprio "demônio".
Utilizando velhos clichês "expulsa" o suposto demônio, arrancando aplausos e gritos da platéia impressionada com o sobrenatural.
Percebe-se em muitos casos, com muita clareza, o caráter teatral da cena.
Ė indisfarçável o embuste.
Em outros casos, consegue-se até admitir a possibilidade do fenômeno mediúnico, onde pessoas dotadas da faculdade (mediunidade), acabam sendo envolvidas e ocorre o fenômeno da incorporação, promovendo a manifestação de algum espírito zombeteiro que, aproveitando-se da platéia incauta, dá seu "showzinho".
Existe até mesmo a possibilidade de que algum espírito sofredor e desequilibrado, que utilizando a atmosfera criada e o estado alterado de consciência do ambiente, se manifeste em médiuns despreparados. Estes, por desconhecerem a fenomenologia espírita acabam se tornando vítimas da situação e se submetem à uma passividade sob a qual não possuem controle.
Em qualquer dos três casos, a postura dos "condutores de rebanhos" é profundamente lamentável.
Estes episódios apenas servem para criar engodo e confusão, afastando das pessoas a verdade sobre as leis que regem o intercâmbio entre encarnados e desencarnados.
O famigerado " teatrinho" tem por finalidade resgatar, nos tempos atuais, o medo e a apreensão diante de um ser diabólico que tem por missão fazer o mal e disseminar a discórdia e a desunião. Crença totalmente descabida diante da misericórdia de Deus, que não admitiria a existência de um adversário tão ferrenho e poderoso a ameaçar seus filhos diuturnamente, por toda a eternidade.
Na possibilidade de que a situação seja provocada por espíritos desequilibrados, as encenações, a gritaria e as "surras de bíblia" de nada servirão para amenizar a situação de sofrimento dos irmão desencarnado.
Ao contrário, aumentará sua revolta, sua indignação e a sua dificuldade de ajuste psíquico.
Somente através do diálogo franco, do esclarecimento e do AMOR é que será possível ajudar um irmão desencarnado sofredor, obsessor ou não, uma vez que o mesmo sempre deterá a prerrogativa do livre arbítrio.
E é importante ressaltar que esta prática requer conhecimentos técnicos e doutrinários somente disponíveis à luz da Doutrina Espírita.
O ser humano, ainda enfeitiçado pelas práticas exteriores, continua deslumbrado pelo sobrenatural, pela fantasia, pelo espetáculo envolvendo temas que ele ainda desconhece.
Movidas por líderes religiosos que conhecem e manipulam o magnetismo, o hipnotismo, a mediunidade e a neurolingüística, as pessoas agem e se deixam conduzir de forma impensada, sem submeter a situação ao crivo da razão e do raciocínio, praticando a fé cega.
Esta postura passiva, muitas das vezes resulta em consequências desastrosas, pois são conduzidas à terrenos perigosos e ao invés da clareira do aprendizado, afundam-se cada vez mais no abismo da ignorância.
"Conhecereis a verdade e ela vos libertará", esta frase sintetiza todo o exposto e nos alerta que a decisão da busca será sempre nossa.
E não nos esqueçamos nunca da lei de Ação e Reação, onde seremos responsáveis por todos nossos atos e teremos que (implacavelmente) responder por cada um eles.
Pirilampo
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