quarta-feira, 13 de julho de 2016

O AMOR É O MELHOR ANTÍDOTO CONTRA O PRECONCEITO

Hoje gostaria de compartilhar uma bonita história (verídica) mais uma vez registrada nas nossas tarefas de distribuição de lanche e agasalhos pela equipe do Centro Espírita Nova Luz, de Belo Horizonte.

O fato ocorreu na Antiga "Praça da República", hoje Praça Afonso Arinos.

Este local faz parte do projeto original da cidade. 

É tradicional ponto de manifestações estudantis e próximo à alguns tradicionais "butecos" da cidade

Localizada entre a rua da Bahia e as avenidas João Pinheiro e Augusto de Lima, é cortada pela avenida Alvares Cabral.

Ali, junto aos degraus, existe um monumento com a célebre frase do compositor Rômulo Paes ("A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta").
É neste local que aconteceu o que relatarei a seguir.

Utilizando os degraus daquele monumento como local para permanecer e dormir, é comum encontrarmos diversos irmãozinhos em situação de rua ali reunidos.

O cenário é sempre o mesmo. alguns embriagados ou drogados, em sono profundo.

Outros alegres e falantes também sob o efeito do álcool ou da droga.

Outros tristes e melancólicos em um canto isolado.

Materiais reciclados, roupas, cobertores, comida em recipientes improvisados (muitas vezes cheirando forte por já estar azeda), vasilhames vazios de cachaça (as famosas "barrigudinhas") e cães, muitos cães compartilham ali do mesmo ambiente.

Normalmente tem um líder do grupo que logo se manifesta e vem alegre nos cumprimentar e ali distribuímos os lanches, o suco, as roupas, os cobertores e a mensagem que sempre levamos conosco.

Não foi diferente no episódio que relatamos. 
Chegamos, fomos cumprimentados alegremente pelo líder, um jovem aparentando seus vinte e cinco anos, de bonito semblante.

Nem a barba por fazer, as roupas sujas e o forte odor etílico conseguiam comprometer a boa impressão do jovem agradável e sorridente que nos abraçou feliz.

Servimos a todos, entregamos os agasalhos e eis que o jovem, como de costume, pede para que nos todos nós, de mãos dadas, façamos uma prece.

Observo que um casal muito jovem permanece o tempo todo ali, na calçada, de pé, participando com eles de toda aquela movimentação (e também da prece)

A menina aparenta seus 18 anos, uma morena de cabelos longos e olhar sereno. Com dentes perfeitos e um lindo sorriso, brinca o tempo todo com os irmãozinhos sujos e maltrapilhos, sem nenhum preconceito, tratando-os com respeito e dignidade.

O rapaz, um belo jovem, aparenta ser um pouco mais velho, talvez conte com seus 22 anos. 

Também solícito e agradável, interage com a turma toda, com invejável simpatia.

Todos se concentram, o líder do grupo faz uma bonita prece (como sempre o faz). Ao término da prece  nos preparamos para seguir adiante com o objetivo de atender à outros irmãos que ficam um pouco mais abaixo, na direção da Rua João pinheiro.

Antes porém de seguir, dedico alguns minutos para conversar com o jovem e bonito casal.

Descubro que eles não estavam ali em algum tipo de campanha, não representavam nenhuma instituição assistencial.

Estavam ali por opção mesmo.

Saíram para namorar, ao passar por ali se sensibilizaram com a situação do pessoal reunido na praça.

Resolveram parar apenas para dar atenção à eles. 

Optaram por parar ali e conversar com eles, apenas isso.
Um casal jovem, aparentando uma condição social confortável interrompe o passeio (e o namoro) para conversar e dar atenção e carinho à moradores em condição de rua, malcheirosos, drogados, embriagados e maltrapilhos.

Eu os parabenizei. Abracei à cada um deles e saí dali com os olhos marejados.

Cenas como esta me convencem à cada dia mais que, diferente do que muita gente pensa,  a humanidade tem jeito sim e a gente tem provas todos os dias disso.

Fui para casa pensando na cena e hoje compartilho a experiência com os prezados leitores deste nosso blog.



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