segunda-feira, 11 de julho de 2016

O OLEIRO E O BURRINHO

Era uma vez uma pequena olaria.

E esta olaria produzia pequenos tijolos em uma também pequena aldeia.

O oleiro trabalhava sozinho na lida, pois os filhos ainda eram todos pequenos e ele não tinha condições de pagar nenhum funcionário para ajudá-lo.

O único ajudante que tinha era um burrinho (pequeno também) , que o auxiliava a amassar o barro e também transportava sua preciosa matéria prima até o local onde produzia seus tijolinhos.

No terreno ao redor da olaria existiam grandes buracos, de onde o oleiro retirava o barro. 

Como praticamente não circulava ninguém por aqueles campos, os buracos acabavam ficando abertos, pois o oleiro não via nisso nenhum risco.

Um belo dia o burrinho, encantado com uma mulinha que estava do outro lado da cerca, distraiu-se e acabou caindo num dos buracos.

Não teve ferimentos graves, pois a terra fofa no fundo do buraco acabou absorvendo o impacto, mas ficou ali preso. O buraco era fundo demais para ele conseguir sair sozinho.

Estava longe e por mais que zurrasse (sim, porque a "voz dos burros" chama-se zurro), ninguém o ouviu.

O pobre burrinho, devido aquele pequeno descuido ao ser flechado pelo cupido equídeo, ali ficou a noite toda, com fome, sede e estressado por sair dali.

No outro dia o  oleiro acordou de madrugada, como sempre o fazia, e ao chegar na olaria deu por falta do seu companheiro de trabalho.

Não tardou a encontrar o bichinho dentro do buraco, que ao vê-lo logo ficou de pé e começou a zurrar (lembro novamente que esta palavra um pouco estranha é a "voz" dos burros).

O oleiro não hesitou, correu até sua casa, pegou uma pá e retornou até o buraco.

Ali chegando começou a pegar terra do lado de fora do buraco e jogar sobre o burrinho.

Indignado o burrinho ficou a questionar o motivo do seu dono querer enterrá-lo vivo, depois de tantos anos de serviços prestados.

Enraiveceu-se, tremeu de revolta e à cada pazada de terra que recebia,  pulava, zurrava e  se agitava (na verdade ele queria mesmo era sair dali e dar um coice no ingrato dono).

Quando fazia isso, derrubava toda a terra que havia caído sobre seu lombo e acabava pisando sobre a terra que derrubara.

Depois de incontáveis pazadas e incontáveis pulos...
Após horas de trabalho do oleiro, o buraco estava cheio e o burrinho saiu alegre e saltitante, sorrindo alegre (burro sorri?).

Assim, o burrinho entendeu que na verdade  o dono não estava querendo enterrá-lo e sim teve uma idéia brilhante para retirá-lo dali. Retribuiu a gentileza do oleiro com generosas lambidas melecadas (argh!).

Moral da história:

"Nem sempre as pessoas que pensamos que estão tentando nos enterrar  tem esta intenção. Muitas das vezes, a suposta ameaça é apenas uma forma de nos tirar do buraco."









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